A alimentação é muito mais do que uma escolha individual. Ela reflete políticas públicas, condições de produção, cadeias de distribuição e até estratégias de marketing. No Brasil, país de dimensões continentais, falar de nutrição é falar de segurança alimentar e, consequentemente, de cidadania.
Durante décadas, a fome foi o maior desafio. Hoje, convivemos com uma contradição: ainda há bolsões de insegurança alimentar, mas também temos índices alarmantes de obesidade e doenças crônicas associadas à má alimentação. Isso exige que o Estado atue de forma estratégica, promovendo acesso a alimentos de qualidade, informação nutricional clara e programas de educação alimentar.
Políticas como o Guia Alimentar para a População Brasileira já apontam caminhos. Mas é preciso transformar diretrizes em prática, fortalecendo a agricultura familiar, qualificando merendas escolares e regulando a publicidade de ultraprocessados voltada ao público infantil.
O setor privado também tem papel fundamental. Restaurantes, supermercados e indústrias podem ser aliados, oferecendo alternativas mais saudáveis e reduzindo o excesso de aditivos. Do ponto de vista de ESG, investir em alimentação saudável significa reduzir custos futuros com saúde pública e melhorar a qualidade de vida da população. Nutrição é política pública de longo prazo. E, ao mesmo tempo, é uma ponte direta entre economia, saúde e educação. Tratar o tema como prioridade é reconhecer que o alimento é, antes de tudo, um direito.

